A sonoridade do saxofonista japonês Kazuki Katsuta

Texto sobre o saxofonista japonês

Kazuki Katsuta é um saxofonista do Japão que faz parte do grupo de jazz fusion Dimension, formado por Takashi Masuzaki na guitarra e Akira Onozuka nos teclados. Nesse grupo, Katsuta realizou muitos trabalhos reconhecidos mundialmente, e registrou alguns dos solos de saxofone mais consagrados no cenário do jazz fusion e jazz rock do Japão.

O som de Katsuta no saxofone, em especial no alto, é potente, extremamente penetrante e cheio de harmônicos. Tais propriedades sonoras dependem de vários fatores combinados, como os acessórios que ele utiliza em seu saxofone, e, acima de tudo, pela sonoridade formada em sua mente.

Boquilha

A boquilha que ele utiliza com mais frequência no sax alto é uma ARB, que por possuir defletor elevado projeta um timbre estridente e intenso, bem apropriado a estilos musicais como o smooth jazz, jazz fusion ou jazz rock. Com relação a outras boquilhas tradicionais no mercado do saxofone, a ARB é uma boquilha bastante difícil de controlar a afinação, e equilibrar bem os harmônicos com ela também é uma tarefa árdua. Certamente, para ter um bom controle de projeção com essa boquilha, o saxofonista tem que dedicar mais horas de seu tempo ao estudo de notas longas, exercícios de flexibilidade, etc. Na sonoridade de Kazuki Katsuta, percebe-se um alto grau de controle de afinação, equilíbrio de harmônicos e projeção sobre toda a região do saxofone, tudo isso sendo fruto de muita prática e dedicação por parte dele.

Saxofone

Kazuki Katsuta utiliza com muita frequência em estúdio e ao vivo um Selmer Mark VI, o modelo mais consagrado do grupo Conn Selmer e provavelmente o mais icônico modelo de saxofones já criado. Sobre o Mark VI dispensam-se comentários mais extensos, mas sobre o uso desse modelo por Katsuta, tenho algumas observações a fazer.

Katsuta tem alto controle de seu instrumento em suas performances musicais, tanto ao vivo quanto em estúdio, e isso não é tarefa fácil. A combinação de seu Mark VI com uma boquilha ARB lhe rendeu uma sonoridade muito característica e bastante distinta de outros saxofonistas aclamados em seu país, que seguem a linha filosófica do jazz e que praticam o estilo jazz fusion. Além disso, a riqueza de harmônicos oferecida por esse set up é amplamente explorada por Katsuta na maioria de suas interpretações. Vide isso em qualquer dos álbuns do grupo Dimension ou em seu trabalho solo.

Referências para Kazuki Katsuta

Todos nós sabemos que as leituras obrigatórias para saxofonistas do jazz são, Johnny Hodges, Charlie Parker, Coleman Hawkins, John Coltrane, Sonny Rollins, Sonny Stit e Cannonball Adderley, para citar alguns. Katsuta certamente bebeu dessa fonte de conhecimentos, mas mergulhou mais fundo ainda nas fontes mais contemporâneas aos nossos dias. Refiro-me a músicos como David Sanborn, Eric Marienthal, Nelson Rangell, Michael Brecker e Chris Hunter, além de outros, com certeza. A sonoridade de Katsuta no sax alto nos remete ora a David Sanborn, ora Chris Hunter, ou mesmo a Nelson Rangell. Vale resaltar que, assim como Katsuta, os dois saxofonistas citados anteriormente utilizam a boquilha ARB com frequência, e David Sanborn utiliza a famosa Sax Works, com características físicas muito próximas à Dukoff e ARB. No entanto, muitos fraseados e articulações interpretados por Katsuta remetem a Eric Marienthal e Michael Brecker.

Isso revela realmente que Kazuki Katsuta estudou a fundo alguns dos maiores ícones do smooth jazz e do jazz fusion e que sua identidade musical foi formada baseada em grandes referenciais técnicos no saxofone. Ou seja, hoje, Kazuki Katsuta tem seu lugar no patamar dos saxofonistas de topo do Japão, sendo assim um grande referencial técnico para saxofonistas da atualidade e do futuro.